Impulsionada por inovações tecnológicas, ajustes nas regras do setor e por um desejo cada vez mais forte da sociedade por soluções sustentáveis, a energia solar vem ganhando espaço no cotidiano do Rio de Janeiro.
As empresas estão procurando diminuir seu impacto ambiental, e os consumidores estão mais atentos aos impactos do consumo de energia no orçamento e no planeta, e por isso essa fonte limpa tem se mostrado uma escolha inteligente e possível.
O potencial solar no território fluminense
O Rio de Janeiro possui características geográficas e climáticas que favorecem a expansão da energia solar. Com alta incidência de radiação solar durante quase todo o ano, o estado apresenta condições ideais para o desenvolvimento de soluções sustentáveis.
De acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a irradiação média diária no estado supera 5,0 kWh/m², valor suficiente para garantir uma boa produtividade de sistemas de geração solar.
Além disso, pesquisas recentes indicam que a preocupação com questões ambientais tem crescido fortemente entre os consumidores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Um estudo do Instituto Fecomércio RJ mostrou que 92% da população já adota hábitos como economizar água no dia a dia, e 81% reutilizam embalagens plásticas com frequência, revelando uma postura cada vez mais consciente em relação ao meio ambiente.
Em paralelo, dados nacionais mostram que 75% dos brasileiros já alteraram seus hábitos de consumo motivados por preocupações ambientais, demonstrando uma mudança cultural que extrapola fronteiras regionais.
Outra pesquisa nacional revela que mais de 80% dos brasileiros preferem se relacionar com marcas e empresas que adotam práticas sustentáveis, algo que sensibiliza também empresários fluminenses na hora de buscar maior alinhamento com valores socioambientais.
Essa conscientização, somada ao avanço de regulamentações que facilitam o uso de fontes renováveis, tem fomentado um ambiente propício para a ampliação de alternativas energéticas como a solar.
Energia limpa e descentralizada
Tradicionalmente dependente de fontes centralizadas de energia, o Rio de Janeiro passa a experimentar uma descentralização na maneira como consome eletricidade. A possibilidade de se associar a usinas solares compartilhadas, por exemplo, abre caminho para um modelo mais democrático, onde diferentes perfis de consumidores podem ter acesso a uma energia mais limpa, sem necessidade de investimentos estruturais.
Essas usinas são instaladas em áreas estratégicas e injetam energia diretamente na rede elétrica convencional, contribuindo para que consumidores associados possam obter uma redução considerável no valor que pagam atualmente na fatura de energia.
Esse modelo de associação tem ganhado adesão crescente em diversos municípios, principalmente entre consumidores preocupados com a sustentabilidade e que buscam alternativas para reduzir custos com energia.
O papel das empresas e da indústria fluminense
A indústria do Rio de Janeiro, que responde por uma parcela relevante do PIB estadual, também tem adotado medidas para diversificar sua matriz energética.
Embora o Mercado Livre de Energia (MLE) ainda seja acessível apenas a empresas conectadas à rede de média ou alta tensão, com consumo superior a R$ 10 mil, muitas companhias fluminenses têm aderido ao ambiente de contratação livre como forma de aumentar a competitividade e garantir maior previsibilidade no orçamento energético.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o número de unidades consumidoras migrando para o mercado livre no Rio de Janeiro tem aumentado progressivamente. Esse movimento está diretamente ligado à busca por soluções mais sustentáveis, uma vez que, dentro do MLE, é possível optar por fontes renováveis, como a solar. Essa escolha fortalece a cadeia de geração limpa.
Algumas comercializadoras que operam no estado oferecem soluções específicas considerando as regras e condições definidas pelos órgãos reguladores do setor elétrico. A exemplo disso, empresas como a EDP atuam no fornecimento de energia no mercado livre, oferecendo alternativas para consumidores empresariais que desejam associar sua operação a fontes mais sustentáveis, como a solar, sem precisar investir diretamente em estrutura física.
Educação, capacitação e transformação social
Outro reflexo positivo da ascensão da energia solar no Rio de Janeiro é a criação de novos empregos, como técnico instalador de sistemas fotovoltaicos, especialista em eficiência energética, gerente de usina solar, entre outros. Cursos de capacitação têm sido impulsionados por essa nova demanda, com foco em profissionais voltados à instalação, operação e gestão de sistemas fotovoltaicos, além do planejamento e da comercialização da energia gerada.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), por exemplo, vem ampliando sua atuação em pesquisas sobre sustentabilidade e energias renováveis, estimulando o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao clima tropical urbano.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) também tem apoiado projetos voltados à inovação energética, fomentando soluções adaptadas ao perfil socioeconômico das regiões metropolitanas e periféricas do estado.
Esse processo de qualificação profissional e incentivo à inovação tecnológica cria um ciclo virtuoso, em que o desenvolvimento ambiental e econômico caminham juntos.
Caminhos para o futuro
Apesar dos avanços, ainda há muito espaço para crescimento. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) mostram que o Rio de Janeiro ocupa posição intermediária no ranking nacional de geração solar distribuída.
Contudo, com a ampliação de mecanismos regulatórios e maior divulgação sobre os modelos de associação, espera-se que a participação da energia solar na matriz energética fluminense cresça significativamente nos próximos anos.
Empresas com operação no estado, como a EDP, que atua no mercado livre de energia, têm contribuído para essa expansão ao oferecer produtos que conectam grandes consumidores à energia proveniente de fontes renováveis, sempre em conformidade com os parâmetros regulatórios e com a obrigatória entrega da energia gerada por meio da rede elétrica convencional.
Ao mesmo tempo, iniciativas públicas e privadas devem atuar para ampliar o acesso à informação e criar soluções inclusivas. A construção de uma política energética justa, diversificada e sustentável passa pelo reconhecimento da energia solar como vetor de desenvolvimento regional.
A energia solar está transformando o Rio de Janeiro. A tendência é que, com a consolidação de modelos como a associação a usinas solares compartilhadas e o fortalecimento do mercado livre de energia para empresas, o estado avance rumo a um futuro mais sustentável, economicamente viável e socialmente justo.